Teto Para Dois, de Beth O’Leary

Por Ana Beatriz Fagundes e Paula Cabral

Em tempos de tantas polêmicas, um livro, às vezes, pode ser a saída que precisamos para nos desligar do caos… ou não.

Foi o que aconteceu comigo quando li Teto Para Dois, de Beth O’Leary, que foi lançado pela Editora Intrínseca, em setembro de 2019. Livro que confesso ter comprado devido a uma comparação feita com a escrita da minha bela, adorada e brilhante Jojo Moyes. A comparação me deixou muito curiosa, pois, na minha opinião, a Jojo escreve mais que histórias românticas, ela escreve sobre mulheres superando desafios. Será que esse livro também seria sobre uma mulher inspiradora ou seria mais uma história de amor dessas que esquentam o coração do mesmo jeito que uma caneca de chá no final de um dia ruim?

Foi assim que Teto Para Dois se tornou o meu abrigo por alguns dias e o domínio de meus pensamentos por mais outros. Era impossível terminar um capítulo e não querer passar logo para o próximo para saber o que os personagens fariam em seguida.

Tiffy é uma mulher que trabalha com livros (e isso já faz a gente gostar da personagem), é uma mulher divertida, inteligente e criativa, mas as coisas se complicam quando o namorado se separa dela e pede para que ela saia do apartamento em que eles moravam juntos.

Sem muita grana e com o coração partido, ela encontra uma solução em um anúncio um pouco inusitado. Leon é um enfermeiro que está precisando de grana e seu grande plano é alugar o seu apartamento, só que com ele dentro. A ideia dele é simples: devido ao seu trabalho, ele passa as noites no hospital e as folgas na casa da namorada. Sendo assim, ele alugaria seu apartamento para alguém que trabalhe de dia, então seu pequeno apartamento de um quarto e uma cama seria dividido por duas pessoas, sem que eles realmente precisassem se encontrar.

Sem muitas opções, ambos embarcam nessa se blindando de regras de convivência. No início, começam a ter impressões um do outro por meio de seus objetos espalhados pela casa e, como a necessidade e a vontade de se comunicar com o outro foram ficando mais fortes, descobrem nos post-its um meio de comunicação muito acolhedor. E é assim que se conhecem melhor e acabam cuidando um do outro. Ah, esses bilhetinhos! ♥

Foi com esse enredo delicado e leve que Beth O’Leary introduziu de forma espetacular um dos temas mais discutidos do momento: relacionamento abusivo. O livro retrata como a violência psicológica pode passar despercebida por anos e como isso pode afetar alguém por uma vida toda. São abordadas as consequências e a importância do tempo na cicatrização de feridas tão profundas que antes nem sabíamos que estavam lá.

A história que é narrada por Tiffy em alguns capítulos e por Leon em outros está repleta de histórias de outras pessoas. Por vezes fui capaz de me ver e de ver pessoas conhecidas em situações semelhantes. Ela me trouxe certa clareza sem deixar de ser gentil e mostra que é possível fazer um livro bom, divertido, romântico e feminino com uma história de amor saudável. Sem romantizar o ciúme possessivo, relacionamentos opressivos, ingenuidade feminina e homens másculos prontos para resgatar a única mulher que não quer ele do cara mau que ela acha que ama, quando na verdade ama ele, mas é marrenta demais pra admitir…

A leitura é fluida o suficiente para você conseguir terminar de ler a obra em alguns dias. É tipo uma novela boa com vários acontecimentos se desenrolando, um atrás do outro. E os personagens? Ah, os personagens! Possuem características tão diferentes uns dos outros e se completam tão bem. Outro recado dado pela autora, querendo ou não. As diferenças os tornam especiais e complementares e o amor e o querer cuidar os conectam de forma linda.

Sim, a leitura desse livro foi realmente especial!

Então é isso! Se cuidem, se curem e se respeitem!