Brasileiro lê ou não lê?!

Autores internacionais (22) e nacionais (291), aumento nas vendas das editoras, sessões de autógrafos com ingressos esgotados, bate-papos lotados, estandes cheios. Crianças, adolescentes e adultos empolgados, garimpando exemplares para suas estantes e com várias sacolas nas mãos.

O discurso se mantém o mesmo, mas algumas notícias vão contra o mantra que ouvimos desde sempre: “Brasileiro não lê e lê cada vez menos”. Sei que o Brasil é grande e que tem dezenas de problemas sociais que impossibilitam o acesso à cultura e a diferentes formas de entretenimento. Mas também sei que vejo de moradores de rua à políticos pré-históricos lendo, vejo novas editoras surgirem e sempre vejo um movimento de fãs de autores X e Y fazerem muita festa quando seus ídolos vêm para sessões de autógrafo no Brasil, o país que não lê. Porém, não lê comparando com quem ou qual país?

Bienal Internacional do Livro de São Paulo

10 dias de evento, 663 mil visitantes, 1.500 horas de programação oficial, em 14 espaços culturais, 100 mil alunos e 15 mil escolas agendadas. Números expressivos, não tem como negar. Expositores novos presentes, como a HarperCollins e a Todavia, e a ausência de expositores antigos, como a Saraiva.

Algumas das novidades de 2018 foram o Encontro de Fãs, na Arena Cultural BIC®, o Espaço do Saber Microsoft, com a apresentação e o teste de tecnologias voltadas para a educação, e o Papo de Mercado, dedicado a reflexões sobre temas de interesse dos profissionais da cadeia do livro como tendências e futuro do setor.

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Nós, inclusive, assistimos à última palestra do Papo de Mercado com o tema Como Abrir uma Livraria – Guia de Orientação e a presença de grandes nomes do mercado livreiro do país: Bernardo Gurbanov, presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Alexandre Martins Fontes, diretor executivo da WMF Martins Fontes, Gerson Ramos, diretor comercial da Editora Planeta do Brasil, Waldiney Azevedo, consultor de varejo e ex-gerente de Compras da Livraria Saraiva, e André Palme, sócio e Head Comercial do Coisa de Livreiro, empresa de consultoria em marketing e negócios para o livro. A mediação foi feita pela jornalista e editora da coluna Babel/O Estado de S.Paulo Maria Fernanda Rodrigues.

O bate-papo também marcou o lançamento do guia que traz desde a escolha da localização ideal, passando pela definição do acervo, o plano de negócios, controle financeiro e de estoque, entre outros aspectos. Para a criação do guia, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) contratou a FEA Jr. para realizar levantamentos e análises que geraram um relatório final.

A 25ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo contou com os patrocinadores e parceiros: Itaú, Microsoft, BIC®, Suzano, Submarino, Lupo, Lojas Americanas, EDP, Correios, SESC SP e Abigraf. Foram 75 mil metros quadrados de área ocupada por 197 expositores e um investimento estimado de R$ 32 milhões.

Não garanto ter caminhado pelos 75 mil metros quadrados de evento, mas as dores constantes nos pés e nas costas, graças às aquisições, comprovam que andamos bastante e conseguimos ter uma ideia geral e pontual de algumas partes da Bienal. Vamos tomar a liberdade de descrever nossa experiência abaixo.

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Nossa experiência

Tivemos a oportunidade de visitar o evento em três dias: 4, 8 e 11 de agosto. Em todos, encontramos uma Bienal com corredores cheios e estandes com espaços disputados, na maior parte do tempo, pelo menos.

Desistimos de entrar em vários estandes por causa da multidão, mas com paciência e tempo, resolvemos esses problemas. Conseguimos aguardar momentos mais tranquilos para caçarmos títulos que nos interessavam e também comprar obras que já queríamos há algum tempo.

Sabemos que poderíamos adquirir vários livros pela internet, mas indo à Bienal conseguimos descontos melhores, encontrar autores e sentir o clima que só um evento desse proporciona. Ainda há a experiência ligada aos sentidos do tato (passar a mão no livro e folhear as páginas), do olfato (sentir o cheirinho da tinta), da visão (escolher livros pela capa), da audição (ouvir o próprio autor falar sobre a sua obra), do paladar (se usarmos o clichezão de devorar livros vorazmente) e, se você assistiu Cavaleiros do Zodíaco, sabe que podemos usar até o sétimo sentido. Hehehehehe…

Fui direto ao estande da Companhia das Letras, mas os livros que eu queria, de Haruki Murakami e Kazuo Ishiguro, não estavam com descontos muito bons, então acabei investindo em outras obras, muitas vezes de editoras mais desconhecidas, porém com títulos ótimos.

Já na Intrínseca, fizemos a festa, assim como na Aleph, que trouxe descontos ótimos para o evento. A Plataforma 21 e a V&R também capricharam, pude comprar o lançamento A Mensageira da Sorte por um preço ótimo e ainda conseguir o autógrafo de Fernanda Nia. (Sinto cheiro de resenha?!)

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Também conseguimos ver o Mauricio de Sousa de pertinho, mandar beijinhos para ele e quase choramos ao ouvi-lo falar. Sempre muito fofo! Também acompanhamos nossos amigos do canal Japão Nosso De Cada Dia, Prit e Lohgann, que conversaram com fãs e autografaram o exemplar da Turma da Mônica Jovem do qual participaram (número 19).

Sem dúvida, a melhor parte desse evento é encontrar e conhecer pessoas. O contato com obras e seus autores faz seu olhar se aprimorar, assim como pode lhe tornar mais tolerante com relação a temas que não te atraem logo de cara. Afinal de contas, carrego comigo o pensamento de que podemos tirar coisas boas de tudo, mesmo daquilo que parece ruim, como multidões de eventos como a Bienal.

Espero que essas multidões signifiquem que brasileiros leem sim ou, pelo menos, que parte deles lê. Essa é minha oração diária!

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