A controversa sociedade de A Letra Escarlate: adultério, religião e política

O romance A Letra Escarlate, escrito por Nathaniel Hawthorne, foi lançado em 1850. A história se passa no ano século XVII e começa com um pitoresco capítulo introdutório chamado “A Alfândega”. Pode-se dizer que é um capítulo um tanto quanto desconexo do restante do livro, porém inicia a obra de forma inusitada. Um personagem encontra numa gaveta a história que, em seguida, será contada. É importante prestar atenção a esse capítulo, pois existe uma curiosa identificação com os tempos atuais. A partir daí, o livro inicia a narrativa da misteriosa mulher que está sendo liberada da prisão e exposta para a população do povoado, com uma criança nos braços e uma letra “A” escarlate bordada em seu peito.

A história se passa na ríspida comunidade puritana de Boston do século XVII, onde a jovem Hester Prynne teve uma relação adúltera que termina com o nascimento de uma criança ilegítima. Desonrada e renegada publicamente, ela é obrigada a levar para sempre a letra “A” de adúltera bordada em seu peito.

É um livro psicológico, que retrata o século XVII escrito por um autor do século XIX. Temos que lembrar que, no século XIX, a mulher tinha avançado quase nada em direitos sociais, assim, com esse ponto de vista, o autor consegue retratar com olhar crítico as duas sociedades, tornando a obra uma referência à frente de seu tempo ao criticar, principalmente, os papéis da religião e da mulher e situando para os leitores de forma bem definida quais eram os direitos e os deveres da mulher e do homem naqueles tempos.

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Entre alguns dos dilemas que a obra apresenta, temos a filha de Hester Prynne que é diretamente associada à letra “A” bordada no peito da mãe. A pequena criança é fruto da letra, e a mãe tem que aceitar aquela marcação em afirmação à filha e à exposição perante a sociedade. O que deve chocar o leitor mais atento é justamente a exposição de uma situação que da esfera privada ser apresentada em público diante de toda a comunidade e esta julgar e decidir o futuro de duas pessoas.

A obra é um retrato dramático e comovente da submissão feminina, da autoridade exercida pela igreja, da resistência às normas sociais, da paixão e da fragilidade humanas vigente à época. Hester é a primeira autêntica heroína da literatura norte-americana, uma mulher forte que se vale de sua coragem e de sua convicção de espírito para criar a filha sozinha, lidar com a volta do marido e proteger o segredo sobre a identidade de seu amante. Uma mulher à frente de seu tempo. 

O autor, com esta incrível personagem nas mãos, consegue transformar o significado da letra “A” ao longo da trama. É um clássico que rompe barreiras e se mostra muito atual. Leitura obrigatória.

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Curiosidade: a obra já foi adaptada algumas vezes para o cinema. A primeira versão é um filme mudo de 1926, dirigido por Victor Sjöström e que tem a atriz Lillian Gish no papel principal. Em 1934, foi a vez de Robert G. Vignola dirigir a atriz Colleen Moore. Em 1973, foi produzida uma versão alemã conduzida por Wim Wenders, com Senta Berger no papel de Hester Prynne. E, a mais recente, de 1995, foi dirigida por Roland Joffé, com Demi Moore interpretando a mulher que carrega a letra “A”.

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Editora: Martin Claret
Título: A Letra Escarlate
Autor: Nathaniel Hawthorne
Tradução: Diego Raigorodsky
Capa: Brochura (14 x 21 cm)
Páginas: 271
Valor de capa: R$ 44,90


Para quem quiser saber mais:

Editora Martin Claret: http://martinclaret.com.br/livro/a-letra-escarlate/
Editora Cia Das Letras: https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=85024
Resenha filme (1995): https://cinemaclassico.com/filmes/letra-escarlate-1995/
Filme (1934):
https://www.youtube.com/watch?v=ZnAF_2JJpwU

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