A Busca, de Edson Bortolotte: o início de uma jornada sem final feliz

Sério! Como você se sente quando não consegue cumprir uma promessa que fez a alguém?

Sabe aquela sensação de que algo dentro de você parece piorar a cada dia, deixando tudo mais difícil e insustentável? Às vezes, os poucos minutos de tranquilidade são interrompidos por um mar turbulento de pensamentos e, num piscar de olhos, vem uma onda de culpa.

A Busca, fanzine de Edson Bortolotte, conta a história de duas crianças (Bruno e Line) e uma gata preta (Morgana) que resolvem atravessar uma floresta amaldiçoada. Nessa caminhada, uma promessa é quebrada (isso é contado na primeira página, então o leitor já está acompanhando o desenrolar com essa pré-visão) e, a partir daí…

A partir daí, não tem como contar. São apenas 20 páginas, num formato 11,5 x 16 cm, um pouquinho maior do que a série Ugritos. Diferente das publicações da Editora Ugra Press, essa não é uma história fechada. É um conto rápido, sem muita ação e que parece propositadamente criado assim. Pode-se dizer que essa edição é um grande primeiro parágrafo e uma ótima introdução do que está por vir.

Essa é apenas uma interpretação. Talvez quem já tenha tido contato com outras narrativas do autor pode ter descoberto coisas que não vi. Isso porque a obra também pode ser lida como um conto infantil, cheio de fantasia. São vários os caminhos que o autor pode percorrer daqui pra frente.

Edson Bortolotte teve seu primeiro quadrinho, Maré, financiado pelo Catarse em abril de 2018. De cara, indicado para o troféu HQMix nas categorias “Novo Talento Roteirista” e “Publicação Independente Edição Única”.

Claro que o zine tem sua proposta de zine, de ser mais simples e acessível, mas é impossível não imaginar como essa história ficaria com o miolo colorido. Ainda mais porque, com o exemplar – adquirido na feira Des.gráfica, em São Paulo – veio um postal colorido de Maré. É de perder o fôlego.

Por enquanto não tive a experiência de ler esse trabalho mais extenso do autor, mas as indicações recebidas – e esse zine (instigante o poema escolhido por Bortolotte para “encerrar” a trama) – certamente despertaram em mim a busca pelas próximas edições.

Antes que eu faça mais algum trocadilho.
Fim…