O livro Viva La Vida Tosca foi escrito por André Barcinski e conta a história de João Francisco Benedan, o famoso João Gordo.
A galera da década de 1980 pode lembrar dele por ser vocalista da banda Ratos de Porão ou, assim como o pessoal de 1990, por ele ser repórter e apresentador da falecida MTV Brasil (não a atual, a que só pegava via antena UHF). Ah, pro pessoal dos anos 2000, João Gordo é aquele tiozão gordo (!) e tatuado que comanda o canal Panelaço, no YouTube (https://www.youtube.com/user/panelacooficial).
A história é contada em primeira pessoa no livro, com uma linguagem informal e bastante coloquial – com direito a palavrão e tudo. Há momentos em que eu tinha a sensação de que o João Gordo estava do meu lado realmente falando todas aquelas coisas.
O vocalista fala de tudo que aprontou em sua vida: problemas com os pais, sua vida na escola, dia a dia com os vizinhos e amigos da rua – descobri que ele morou próximo à minha casa, na Vila Gustavo, zona norte de São Paulo –, a descoberta do rock, do punk rock, do metal, o início de seu relacionamento com as drogas e por aí vai.
Traidor do movimento
Ele conta, de maneira bem autêntica, quando se afastou do movimento punk por conta dos conflitos entre facções, que formaram um movimento mais conhecido pela violência do que pela ideologia. Foi assim que ele e o Ratos de Porão acabaram se aproximando do metal.
“A gente só não era racista, o resto a gente era tudo: machista, homofóbico, tudo que não presta. Fora um ou outro ali, nossa noção de ideologia era rudimentar”, diz João.
João reconhece que é um traidor do movimento. Só que isso não tem nada a ver com música. João Gordo revela que seu pai, Milton Benedan (morto em 2011) era corintiano e ele, por birra, tornou-se palmeirense.
Puta cara sortudo
Ou “puta cara de sorte”. Essa foi a conclusão que cheguei ao ler como ele conseguiu vivenciar, transitar, conhecer e crescer dentro do cenário rock ‘n roll e da televisão.
Diferentes tipos de pessoas, dos mais aos menos icônicos, trombaram com o João por esse mundo, entre eles: Kurt Cobain e Courtney Love, Andreas Kisser, Igor e Max Cavalera, Cazuza, Francisco Cuoco, Erasmo Carlos, Chorão, Sabotage e Johnny e Marky Ramone.
“Não sei como não morri. Sou um cara de sorte, um protegido”, desabafa.
Um morto muito louco
Não morreu, mas foi quase.
Certa vez, ele diz, foi parar na UTI do Sírio-Libanês (hospital de São Paulo) porque descobriu que tinha uma costela quebrada que perfurou sua pleura e o pulmão ficou cheio de sangue. Sua internação custou R$ 18 mil, que foram pagos pelo amigo Turco Loco (http://vejasp.abril.com.br/blog/arnaldo-lorencato/herinque-fogaca-assina-menu-do-restaurante-do-turco-loco/).
Fora isso, ele teve problemas em decorrência de sua obesidade – já chegou a pesar 210 kg.
“Eu fumava três maços de cigarro por dia e cheirava heroína, fora o ecstasy, o pó, a cerveja e o uísque. Eu só comia merda, feijoada e hambúrguer o dia todo”, conta.
Tempos depois, Gordo voltou ao hospital por overdose. Desta vez, foi em razão da combinação perigosa de cocaína, tequila e heroína. Passou o Natal e o Ano Novo (2000-2001) internado.
Music Television Brazil
Durante os anos 1990, João só ganhava grana – e não era lá aquelas coisas – com os shows do Ratos de Portão. Foi aí que a MTV Brasil começou a chamar a banda para fazer matérias e o pessoal da produção percebeu que ele era engraçado e bem desenvolto em frente às câmeras. Depois que o chamaram para ser repórter em uma festa, os convites passaram a ser mais frequentes, até que ele mesmo pediu para ser contratado.
“Porra, eu tô duro, tô desempregado… Me contrata, ué.”
Entre os programas que ele comandou estão: Suor MTV, Garganta e Torcicolo, Gordo Pop Show, Gordo a Go-Go, Gordo a Bolonhesa, Gordo Freak Show e Gordo Visita.
O jeito descontraído, o linguajar pra lá de transgressor e até mesmo seu visual, carregado de tatuagens e piercings, chamaram atenção do público e fizeram com que João fosse um dos apresentadores mais identificados e famosos do canal.
A virada do jogo
Com um histórico bem complicado envolvendo sua relação com o pai, um policial autoritário, agressivo e com um temperamento explosivo, João teve uma reviravolta em sua vida quando a argentina Viviana Torrico apareceu.
Jornalista, seu primeiro contato foi uma entrevista para a revista para a qual ela trabalhava, em 1996. Depois de se casar com um brasileiro, mudar-se pra cá e depois se divorciar, ela e João se reencontraram.
Ela, que era fã, passou a ajudá-lo a gerenciar sua vida, seu dinheiro e até sua saúde.
“A Vivi e eu resolvemos morar juntos. Eu ganhei uma grana boa com alguns comerciais de TV e demos entrada em um apê na Vila Madalena […] aquilo foi a primeira coisa que eu comprei pra mim que não era droga, boneco ou disco”, refletiu.
Com o passar dos anos, eles casaram (com uma festa simples, em restaurante por quilo. A conta foi R$ 600 para 15 pessoas) e tiveram dois filhos: Victoria e Pietro.
O livro ainda traz o seu ponto de vista sobre sua saída da MTV e ida para a Record, o motivo de ter virado vegetariano, sua relação com seus filhos e a emocionante despedida de seu pai.
Vale MUITO a pena ler.
Como eu comprei o livro
Essa história é curiosa.
Eu não sou fã do João Gordo.
Lembro-me dele na época da MTV e apenas gostava dos seus programas de entrevista. Voltei a acompanhá-lo quando ele começou o Panelaço.
Ainda não me tornei vegetariana, mas, tempos atrás, tive interesse em comprar alguns temperos e outras coisas da loja dele, a Central Panelaço. (https://www.facebook.com/Central-Panela%C3%A7o-1044960012190880/)
Fiz minhas encomendas e, dias depois, quando a embalagem chegou, para minha surpresa, me enviaram o livro!
Pensei em como entrar em contato para realizar a troca (já que meus temperos não vieram), porém o livro estava autografado, com dedicatória e tudo. Folheei o produto, pensei bem e resolvi ficar com o livro.
Dessa forma, ainda não iniciei minha vida gastronômica dentro dos preceitos vegetarianos, mas dei um tempero diferente à minha leitura. xD
Qualidade do livro
Pegar o livro nas mãos é uma experiência à parte. A editora DarkSide (http://www.darksidebooks.com.br/) está de parabéns. Viva La Vida Tosca é um dos livros mais bonitos que eu tenho.
A capa é dura. As fotos da capa, contracapa e do miolo são lindas e bem incorporadas ao projeto gráfico. As cores, o brilho e o papel utilizado também agregam muito à história.
Outra coisa bacana é o brinde que vem, um marcador de página em forma de martelo.
Tudo tem beeem a cara do João Gordo.
Para quem quiser saber mais:
Facebook do João Gordo:
https://www.facebook.com/joaogordooficial/
Livro Viva La Vida Tosca:
http://www.darksidebooks.com.br/joao-gordo-viva-la-vida-tosca/
Lembro de um show em que ele desceu do palco para correr atrás de cara que tinha cuspido nele… a treta começou com troca de elogios pelo microfone e acabou no chão sujo de um boteco qualquer em São José dos Campos… isso faz tempo, foi na época do Aids, Pop, Repressão…
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