Com quase 65 anos de carreira, história pra contar é o que não falta na vida de Boni. Por isso, dividi em duas partes esta resenha. A primeira parte (que conta algumas invenções de Boni na Rede Globo) está aqui.
Bastidores da televisão e a censura
Mesmo sem revelar informações pessoais, barracos e fofocas da TV, Boni fala sobre seus relacionamentos com personalidades dos bastidores, que são muitas vezes desconhecidos do grande público, mas que influenciaram diretamente na produção e transmissão da televisão brasileira. Alguns deles são Daniel Filho, Walter Clark, Joe Wallach, Hans Donner, Cassiano Gabus Mendes, Mauro Borja Lopes, o Borjalo, e Armando Nogueira.
Outro tópico abordado é a relação da Rede Globo com a ditadura militar. Muito se fala sobre a “vênus platinada” (antigo apelido da Globo) ser condescendente com o regime autoritário, Boni não nega, mas reafirma que a emissora também sofreu com imposições do governo. Segundo ele, programas como Dercy Comédias e o Programa do Chacrinha, as novelas Roque Santeiro e o Bem-Amado e até o Jornal Nacional tiveram interferência direta.
Por falar em direta, em 1984, o departamento de jornalismo foi proibido pelo chefão Dr. Roberto Marinho de mostrar o comício da Praça da Sé, em São Paulo, que aconteceu na campanha das Diretas Já. Nessa altura do campeonato, a relação da Globo com o então presidente João Baptista Figueiredo estava meio abalada em razão da distribuição de concessões à Manchete e ao SBT.
Top 5 do Boni
Boni não esquece suas raízes na redação e nunca disfarçou seu fascínio pela boa história, com doses de emoção e com uma mensagem a ser passada, mesmo que quase despercebida. Assim, a teledramaturgia era uma espécie de “menina dos olhos” do vice-presidente da Globo. Como não poderia faltar, Boni relacionou as 25 novelas e 10 minisséries de maior importância para ele, que foram ao ar entre 1967 e 1998. Para não ficar muito longo, cito algumas:
- Mulheres de Areia (1993)
- Que rei sou eu? (1989)
- Selva de Pedra (1972)
- Anos rebeldes (1992)
- Engraçadinha, seus amores e seus pecados (1995)
Outro fato curioso é que, antigamente, as novelas eram exibidas apenas de segunda a sexta e foi o Boni, em 1971, que introduziu o sábado como um novo dia de exibição. O motivo? “A novela de segunda a sábado foi lançada na Globo. Não por estratégia, mas para resolver problemas na cobertura do carnaval”, assume na página 348.
Lazer e esporte
Mais de meio livro depois, quase que em uma ordem cronológica, Boni fala sobre outros aspectos pessoais, como sua paixão pelo carnaval, como ajudou na fundação da LIESA (Liga Independente das Escolas de Samba), o carinho que tem por esporte, em especial por futebol – Boni é corinthiano –, a amizade com dois ícones do esporte brasileiro Pelé e Ayrton Senna e a criação da vinheta do futebol que é usada até hoje pela Globo.
“Gosto tanto de futebol que encomendei ao compositor Tavito, em 1964, o tema de futebol da Globo, que até hoje está no ar. Mexi no meio da letra e troquei o verso final por “É taça na raça, Brasil”, declara na página 412.
Atualidade e o futuro segundo Boni
Atualmente, Boni é dono da TV Vanguarda, afiliada da Globo que abrange o interior e litoral norte de São Paulo, e segue na ativa, ligado em novas tecnologias e em novos hábitos do seu consumidor.
Na parte final do livro, fala de como investe em produção de conteúdo regional, na qualidade de transmissão da emissora, em como lidar com o crescimento da internet e do poder das redes sociais e, o mais valioso, como será o futuro da televisão aberta no Brasil.
Ficou curioso(a)? Tem que ler o livro pra saber!
E não tenha receio, como disse na primeira parte da resenha, ler “O livro do Boni” será enriquecedor.
Deixe um comentário