Os oito capítulos do primeiro volume de Inuyashiki são recheados de valores em formas de puxões de orelha. Escrito e ilustrado por Hiroya Oku, o mangá retrata a história de um senhor de 58 anos que é desrespeitado o tempo todo, principalmente pela sua própria família.
O protagonista, que leva o nome da série, está de mudança com seus familiares. Ele consegue comprar uma casa nova após anos de trabalho, mas sua esposa e filhos desdenham do lugar. A aparência de Inuyashiki é de um idoso bem mais velho e, com vergonha, as crianças o chamam de avô quando estão perto de amigos.
Além do desrespeito ao idoso, ao longo dos capítulos, o autor faz várias outras críticas sociais como a violência aos moradores de rua e o mau uso das redes sociais.
Inuyashiki descobre repentinamente que tem apenas mais três meses de vida por conta de um câncer terminal. Como bem descreve a contracapa do mangá, este poderia ser o encerramento, mas, na verdade, é apenas o começo (literalmente, pois ele descobre a doença já nas primeiras páginas).
Sem spoilers, a reviravolta ocorre após um acontecimento pontual e impactante com Inuyashiki (como se a notícia da doença já não bastasse). O ritmo da história acelera e os traços talentosos do artista são cada vez mais percebidos.
Hiroya Oku é famoso por ser o criador da série Gantz. O mangá foi publicado no Japão, pela editora Shueisha, e no Brasil, pela Panini Comics.
Ainda sobre os traços, o cuidado que Hiroya Oku tem com os cenários chama bastante atenção, ainda mais nas páginas duplas. Em entrevista concedida para a editora Kodansha Comics, publicada pelo blog “Arquivo Gantz Brasil”, o mangaká conta que chegou a alugar um helicóptero e a usar drones para que os cenários tivessem perspectivas próximas do real quando os personagens aparecessem voando na história (no volume 1 ainda não teve uma grande cena deste tipo).
Na entrevista, o autor revela ainda que grande parte do processo é digital. “Tudo, exceto pessoas e animais, é feito digitalmente. Qualquer coisa que esteja ‘viva’ é desenhada à mão”.
Todo este cuidado com os detalhes, talvez, justificasse um papel melhor. Isso porque, em alguns momentos, o chamado papel jornal transforma o preto em borrões. Uma pena.
A publicação
A obra, classificada como seinen (voltada para o público adulto), recebe o selo +18 na edição publicada pela Planet Manga, a linha editorial especializada em quadrinhos japoneses do Grupo Panini.
Sobre o formato escolhido, com papel menos nobre, a editora diz que tudo já estava acordado com a licenciante e, também, que a escolha faz parte da estratégia da companhia para que os consumidores possam colecionar um maior número de mangás.
Estas explicações você encontra no vídeo publicado nas redes sociais da Panini, no quadro chamado Planet Time. O ponto negativo é que eles liberam quase que a história toda deste volume 1, então sugiro que você já tenha lido (rs). Segue o link no final do texto!
Ah, a capa tem um bonito efeito holográfico. Dentro, as primeiras páginas são coloridas e em um papel melhor, o couché.
Enfim, a polêmica do papel, independentemente de editora, parece ser tema de discussões eternas entre leitores e não quero me prolongar. Para quem perguntar “mas vale a pena o custo?”, bom, dou muito valor para a experiência que o quadrinho proporciona e sei que publicar no Brasil é caro. Quando uma obra está num valor que não posso pagar, espero uma promoção. E vida que segue. Inuyashiki, para mim, valeu. Espero que valha para você também =)
Especificações:
Tradução: Lídia Ivasa
Letras: Danilo de Assis dos Santos
Edição: Beth Kodama e Beatriz Bevilacqua
Anunciado em: Comic Con Experience 2016 (dezembro)
Data de Lançamento: 26/05/2017
Periodicidade: bimestral
Formato: 13,7 cm x 20 cm
Número de páginas: 204
Volumes: 10
Preço de capa: R$13,90
Curiosidades
– De acordo com o site Anime News Network, Inuyashiki foi escolhido como um candidato para a categoria de melhor história em quadrinhos no 44º Festival Anual internacional de Histórias em Quadrinhos de Angoulême. Foi também um dos selecionados pelo júri na divisão de mangá no 18º Japan Media Arts Festival.
– Uma adaptação em uma série de anime é produzida. Segundo os sites Anime Xis e Crunchyroll, a estreia será na Fuji TV, em outubro, na Temporada de Outono de 2017. Os envolvidos:
Keiichi Sato (Tiger & Bunny, Gantz: O, Rage of Bahamut Genesis) será o diretor principal da série no estúdio MAPPA.
Shuuhei Yabuta (diretor 3D para Iron Man, Highschool of the Dead e Attack on Titan) dirige a série.
Hiroshi Seko (Ajin, Owari to Seraph, Koutetsujou no Kabaneri) é responsável pela composição da série do anime.
Naoyuki Onda (Rage of Bahamut Genesis, The Legend of the Galactic Heroes, Gantz) está criando os personagens.
– Uma adaptação em filme live action será lançada em 2018. Segundo o site Hyppers, o filme terá Noritake Kinashi no papel de Ichiro Inuyashiki. Entre os nomes de peso da adaptação está Takeru Sato (Kenshin Himura) que fará o Yuuko Shishigami. A adaptação está sendo feita por Shinsuke Sato, que também adaptou outro mangá do autor, Gantz, em dois filmes para o cinema.
Quem indica?
Estava com Inuyashiki em mãos, dentro de uma banca localizada na Praça da Liberdade, em São Paulo. Não comprei. Mesmo com aquela capa holográfica e o inusitado protagonista idoso chamando minha intenção. A falta de grana pesou, não tinha como comprar só pela capa dessa vez.
Eu já sabia que se tratava do mesmo autor de Gantz. Como eu nunca li o mangá e também não vi o anime, não ajudou muito. Fui procurar saber mais e achei bem bacana a experiência de Orlando Neto, que publica resenhas no Instagram (@miojogeek). Quem quiser conhecer o canal dele, fica a indicação.
Decidi levar o mangá para casa e, agora, aguardo ansiosamente pela continuação da história.
E você? Conte para a gente o que você achou de Inuyashiki e quem ajudou você a escolher sua nova leitura.
Para quem quiser saber mais!
Planet Time Episódio 39: clique aqui.
Instagram @miojogeek: clique aqui.
Tbm foi uma grata surpresa, peguei por indicação e não me arrependo, uma pena o papel, a mim não atrapalhou tanto mas teria sido uma experiência bem melhor em um papel melhor. Ótima resenha, aliás.
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Primeiramente, muito obrigado por deixar seu comentário, Maurício. Tive essa mesma percepção sobre o papel e acho que condiz com o preço mais baixo, né? Boas expectativas para o volume 2 =)
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Já fazia algum tempo que não me deparava com uma obra Seinen que me chamasse a atenção. A atmosfera inicial me fez lembrar um pouco de títulos como MPD Psycho e Delivery Service of Corpse, entre outros. Mas não quero generalizar, evitando principalmente me influenciar por Gantz. Acho que este é um recado que fica claro neste primeiro volume. Mesmo assim, parte de mim espera pelo momento em que o aparente conformismo do protagonista tome forma de resiliência, retomando o controle de sua própria vida e da história. Ou não. Me surpreenda Inuyashiki e torne-se mais uma obra memorável!!! Obrigado Victor pela sugestão e parabéns pela resenha!!
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