Acordar cedo, tomar café da manhã, molhar os pés na praia, pegar conchinhas, voltar para a pousada, arrumar malas, tomar banho e pronto! Rumo ao Centro Histórico para prestigiar o último dia de Flip!
Ainda não acreditávamos que finalmente estávamos em Paraty, conhecendo um dos eventos literários mais respeitados do país e participando da 15ª edição de uma festa que celebra a leitura, o que move todos os colaboradores do Cabruuum, nossos leitores e muitas outras pessoas que encontram nos livros amigos para todos os momentos da vida.
O último dia do evento começou com a mesa Todas as idades, às 10h, no Auditório da Praça, no Território Flip/Flipinha. As escritoras Ana Miranda e Maria Valéria Rezende abordaram a literatura infantojuvenil, contaram como se aproximaram do universo da escrita, relembraram passagens marcantes da infância e falaram também sobre o poder da fabulação nos livros destinados às crianças.
Às 11h30, participamos da coletiva de encerramento, na Pousada de Ouro, com Liz Calder (presidente do conselho diretor), Mauro Munhoz (diretor geral do programa principal), Joselia Aguiar (curadora dessa edição) e Izabel Costa Cermelli (diretora geral do programa educativo).

Para Munhoz, a Flip de 2017 alcançou grande maturidade com relação à ocupação do espaço público e se apresentou como um reflexo do que está acontecendo no país, o que ocorre desde a primeira edição do evento. O diretor destacou que “em tempos de embrutecimento das coisas, com muito ódio e intolerância nas relações entre as pessoas, a festa literária permitiu que o público pudesse vivenciar o oposto nos cinco dias de Flip, em espaços criados para o diálogo e a convivência”, inclusive de moradores de Paraty com os visitantes vindos de diferentes lugares.
Praças e centros sempre foram pontos de referência quando o tema é conversa e encontro e, com a ocupação do Centro Histórico, a festa literária ampliou a função desses locais tradicionais, além de incentivar a integração dos organizadores das festas de Paraty com os organizadores da Flip.
A edição de 2017 marca por ser a primeira vez em que a Igreja Matriz de Paraty foi utilizada como palco para as mesas que abordaram diferentes temas. A 15° Flip também será lembrada por igualar o número de autores e autoras convidados, 23 homens e 23 mulheres. Essa edição também é a que possui o maior número de autores negros.
Havia receio dos organizadores em fazer o evento no período de férias escolares, no entanto, Paraty virou um programa para a família toda, o que podíamos ver claramente em todos os locais ocupados pela festa. Idosos, adultos, adolescentes, crianças e cachorrinhos também.
De acordo com Joselia, a meta não foi trazer mais mulheres ou mais autores negros, esses fatos ocorreram naturalmente, pois o foco sempre foi compor as mesas com autores com características em comum para que os debates fossem mais ricos, sempre tendo a literatura como o centro de tudo. A curadora reforçou que tanto os autores negros, assim como os visitantes e a imprensa, devem fazer parte da Flip natural e constantemente e participar de todos os eventos com igualdade, assim como todo brasileiro.
“Não é porque o homenageado é um autor negro, que aborda o racismo, que a Flip possui mais autores negros. O fato do homenageado ser um autor branco e homem não deve determinar o perfil dos autores presentes nas edições. Que a mobilização de grupos e jornalistas negros na Flip desse ano se mantenha nas próximas e que cubram todos os eventos como brasileiros que são”, ressalta Joselia.
Durante o evento, a política esteve presente nas mesas e em manifestações pela feira, debatida por escritores e visitantes, o que, para Munhoz, ocorre desde a primeira edição da festa, pois literatura e política caminham juntas e uma causa reflexos na outra, assim como a política e a situação econômica do país afetam a educação e a arte.
O diretor também explicou que a programação dos debates foi feita com o intuito de manter duas características fundamentais: intimismo e informalidade. E, para isso, algumas experiências devem ser mais controladas, por isso as mesas não ocorrem no mesmo lugar. A decisão do local em que cada encontro acontece é uma questão de direção artística e não de estabelecimento de prioridades.
Quando o assunto foi verba disponível para a realização da Flip, Munhoz afirmou que, em 2017, trabalharam com R$ 5,8 milhões e que a previsão para o ano seguinte é o mesmo valor, dependendo da condição financeira do país.
Ao meio-dia, começou a sessão de encerramento da Flip, no Auditório da Matriz. As autoras mineiras Ana Maria Gonçalves e Conceição Evaristo, ambas com obras ligadas à memória negra brasileira e dos ancestrais africanos, participaram da mesa Amadas, prestando tributo às vozes femininas, debatendo representatividade, mitos religiosos e produção literária. Leituras de suas obras e comentários bem-humorados tiraram palmas e risos da plateia que encheu a Igreja Matriz e o Auditório da Praça.
Também ao meio-dia, na Casa do Papel, ocorreu o lançamento do livro Novos mafuás: crônicas de Lima Barreto e algumas outras coisas feitas por algumas outras pessoas, escrito por Daniela Avelar, Henrique Martins, João Montanaro e Vânia Medeiros, durante os primeiros dias da festa, produzido durante a Flip e lançado no dia 31.

Para encerrar a 15ª Festa Literária Internacional de Paraty, autores convidados presentes nas conversas no decorrer do evento, apresentados pela presidente da Flip, Liz Calder, participaram da mesa Livro de cabeceira. Alberto Mussa, Ana Miranda, Djaimilia Pereira de Almeida, Patrick Deville, Paul Beatty, Scholastique Mukasonga e William Finnegan leram trechos de seus livros prediletos.
Às 15h20, deixamos Paraty, agradecendo à cidade e à Flip por terem nos permitido experimentar um clima agradável, uma vista gostosa e um evento suave e forte ao mesmo tempo. Fugimos de nosso cotidiano e pudemos participar de uma das celebrações à leitura! ❤
Resultado: queremos mais Flip, queremos mais eventos, queremos mais livros e queremos mais debates sobre temas diversos!
Em outubro, será divulgado o curador da 16° edição da Flip. Aguardaremos ansiosos! ^^
Para quem quiser saber mais:
A Flip oferece transmissões ao vivo pelo link:
https://flip.everstreamplay.com/ao-vivo
E informações nas redes sociais:
https://www.facebook.com/flip.paraty
https://www.youtube.com/user/flipfestaliteraria
https://www.instagram.com/flip_se/
Saiba mais sobre Lima Barreto:
http://flip.org.br/edicoes/flip-2017/homenageado
E sobre a Flip:
Deixe um comentário